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Estigma do peso: reflexões para os profissionais da saúde

Texto de Marina Rodrigues Barbosa e Fernanda Penaforte escrito para o Blog do Centro Brasileiro de Mindful Eating – CBME.

A gordofobia está impregnada no discurso social, que culpa e exclui as pessoas gordas, e conversar sobre o estigma do peso já se configura um desafio na nossa sociedade. Isso se dá, dentre outras questões, pelo fato da gordofobia não ser sequer reconhecida como uma forma de opressão, uma vez que ela vem camuflada por um falso discurso de saúde, legitimado pelo discurso médico. Isso a configura como uma forma de preconceito muito aceita socialmente; e talvez nem entendida como preconceito por muitos, além de ser muito comum. Em uma pesquisa breve e informal que fizemos nas redes sociais[1] do Centro Brasileiro de Mindful Eating - CBME, observamos que 79% dos respondentes apontaram que já se sentiram estigmatizados com questões relativas ao peso, em algum momento de sua vida.

Entre os profissionais de saúde falar sobre gordofobia é um tema urgente e necessário. O desafio tem sido adotar uma postura humanizada e acolhedora com as pessoas gordas, já que facilmente é assumida uma posição de patologização do corpo gordo por meio de postagens em redes sociais, conversas indiretas, frases feitas e linguagem, que vão no caminho oposto ao acolhimento. Falar sobre o peso é difícil, assim como olhar para além dele. Olhar para além da doença e enxergar a pessoa com obesidade, com toda sua complexidade e subjetividade, é desafiador, mas absolutamente necessário para avançarmos na forma como cuidamos das pessoas que sofrem com o estigma do peso.

A intenção desse texto é o convite a algumas reflexões sobre como podemos contribuir para que os serviços de saúde e os profissionais que ali trabalham possam aliviar o sofrimento associado ao estigma do peso, ao invés de consolidá-lo. Outro ponto importante é que o estigma do peso é um assunto que toca em um lugar doloroso para muitos, e por isso surgem tantos desafios da linguagem, e até medo e confusão. Isso torna esses espaços de fala e reflexão sobre isso tão importantes e necessários.


Diversos estudos indicam que o estigma do peso pode desencadear diversas mudanças emocionais, fisiológicas e comportamentais que contribuem para piora de saúde-física e mental das pessoas, além de favorecer o ganho de peso. Diante disso, fica o questionamento: todo esse discurso de “preocupação com a saúde” está, realmente, visando o bem-estar dessas pessoas?


No dia 02 de julho às 19h (horário de Brasília) o Centro Brasileiro de Mindful Eating abrirá uma roda de conversa sobre o estigma do peso com profissionais da área. A intenção é uma conversa sincera entre profissionais, e também entre pessoas que sofrem com esse estigma, para que possamos ouvir diferentes lugares de fala, já esse movimento é importante para realmente formar pessoas e uma sociedade que cultivam a real saúde.

Referências

Charlotte Albury, W David Strain, Sarah Le Brocq, Jennifer Logue, Cathy Lloyd, Abd Tahrani.. The importance of language in engagement between health-care professionals and people living with obesity: a joint consensus statement. Lancet Diabetes Endocrinol 2020; 8: 447–55

Marina Bastos Paim, Douglas Francisco Kovaleski. Análise das diretrizes brasileiras de obesidade: patologização do corpo gordo, abordagem focada na perda de peso e gordofobia. Saúde Soc. São Paulo, 2020; 29(1): e190227.

[1] Pesquisa feita em maio de 2020

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